Zoológico da UFMT abriga oito animais ameaçados de extinção, entre elas o Gavião Real. Essa Espécie já muito encontrada no Município de Curvelândia.

23/10/2011 02:57

 

No total, zoológico tem 800 animais de 79 espécies diferentes

Gavião real,

 

lobo guará 

 e

águia cinzenta

são três das oito espécies de animais silvestres em perigo de extinção que vivem no Zoológico da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), fundado em 23 de março de 1977, em Cuiabá. Ameaçados, esses bichos recebem atenção especial do experiente tratador de animais José Donizete de Souza (38), que integra uma equipe de apenas 12 pessoas (cinco tratadores, uma veterinária, um gerente e cinco biólogos) que cuidam dos 800 animais, de 79 espécies, que habitam os 11 hectares do parque, conforme a última estimativa do Zoológico.

 

O trabalho do tratador Souza não é fácil, mas ele sabe o quão destrutível é a ação do homem. "Existiram bichos que nós não chegamos a conhecer", lamentou. Atualmente em Mato Grosso, mais de 50 espécies de animais estão na lista de ameaçadas de extinção. A principal causa é a devastação do habitat natural, caça e pesca predatória. Além delas, há outras 11 espécies que são classificadas como vulneráveis a extinção, de acordo com pesquisa divulgada este ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa apresenta 394 espécies e subespécies que podem desaparecer no Brasil. Em Cuiabá, alguns dos animais ameaçados podem ser vistos no zoológico.

O tratador também fica triste ao saber que os animais hoje moram no Zoo não poderão voltar a viver no Pantanal. Os bichos foram resgatados com caçadores ou pessoas sem informação que criam ilegalmente animais silvestres em casa. Souza diz que é no Zoológico que os animais encontram uma chance de sobreviver aos caçadores e ao próprio Pantanal. Um animal silvestre criado em casa, ele explica, não consegue voltar a viver livremente na natureza. "Por não saber caçar, no mato o bicho morre de fome ou é presa fácil para um outro animal", comentou. Há também o caso dos animais que já nascem diferentes e não conseguem viver na floresta. É o caso do jacaré albino, que não consegue sobreviver no habitat natural. "Por ser branco, a vegetação e água não o protegem e ele é facilmente capturado", disse Souza.

O Zoológico é o único do Brasil dentro de uma universidade pública a reproduzir em cativeiro o Albinóide jacaré ou Cayman jacaré, nome científico da espécie de jacaré albino encontrado no Pantanal de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e nos estados do Maranhão e Piauí. Os atuais jacarés são remanescentes de um antigo criadouro na região de Limpo Grande, munícipio de Várzea Grande-MT. 

Funcionários - De acordo com o coordenador do Zoológico, Luiz Carlos de Sá Neves, o número de funcionários é insuficiente para cuidar de todos os animais. O ideal seria no mínimo 15 empregados. Com 23 anos de experiência, Neves confessa que a sobrecarga de trabalho da equipe é grande. "A equipe está reduzida. Tem um tratador com uma grave doença e um funcionário com idade avançada, a menos de dois anos da aposentadoria", disse Neves. Então, atualmente, cada tratador - são seis em serviço - cuida de ao menos 114 animais. 

Visitantes - Por mês, de 7 a 8 mil pessoas passam pelo Zoológico. A maioria são crianças. Neves acha muito importante a iniciativa dos pais e professores que trazem crianças até o Zoológico, porque muitos deles não sabem nem ao menos quais os bichos que compõem a fauna do Pantanal e do Cerrado. Conhecer é preservar. Aprofundar essa integração homem- fauna aprofunda o conhecimento. 

"É mais fácil mudar as crianças. Ele passa a entender que leão e elefante não são naturais do Brasil. E que aqui a gente possui é onça". Os felinos são uma atração a parte no Zoo. As pessoas que visitam o local ficam encantadas com os exemplares de onça pintanda e pantera, que dificilmente são vistos de perto no meio do mato. 

Conforme o tratador Souza, os animais que moram no Zoo não estão lá para exposição. Contudo, os bichos vivem no local por não conseguirem adaptação à selva ou por estarem ameaçados de extinção. "O objetivo do Zoológico é reintegrar os bichos à natureza", disse Souza. Mas em muitos casos não é possível. 

A maioria dos animais chega ao Zoo machucado, deprimido e estressado. Ele lembra de uma anta, que era criada como animal doméstico em uma fazenda em uma cidade no interior de Mato Grosso. "O bicho não consegue mais caçar. E quando vê alguém, corre logo para pedir comida", comentou.

Abrigados em ambientes que reproduzem seu habitat natural, muitos animais que vivem no Zoo têm se reproduzido em cativeiro, entre eles o gavião real (Harpya harpyja), ariranha (Pteronuura brasiliensis), anta (Tapirus terrestris), urubu rei ( Sarchoramphus papa), macaco-aranha (Ateles panicus), bugio (Alouata caraya), ema (Rhea americana) e mutum (Crax fasciolata).

O horário de funcionamento do Zôo UFMT é de terça a domingo das 07h30 às 17h30.